Pára-choque de caminhão
Filósofos da estradaNesta sexta-feira vi o pára-choque do caminhão de um motorista muito atarefado; dizia: "
O amor existe. Não existe o tempo para amar".
Porém num travessão menor, acima, ele praticou a anti-filosofia e desafiou a gramática com os dizeres: "
Antes mau acompanhado que sozinho".
Ninguém é perfeito!
Não se mate!
Propaganda AntitabagistaMinha avó sempre fumou - cachimbo. Morreu bem velhinha, porém com muito sofrimento. O prazer de fumar (dizem que existe isso) lhe cobrou a posse de seus pulmões, instalando ali um câncer cruel que lhe tornou um tormento os últimos dias, com muitas dores, atenuadas com o uso da morfina. Sobreveio a morte, ràpidamente. Já falei sobre minha avó no texto
"Um certo 7 de Setembro".
Hoje passo na rua e vejo belíssimas moçoilas, e outras nem tanto belas, jogarem para o alto feixes de fumaça, "crentes que estão abafando". Às vezes não me contenho e lhes digo apenas: isso mata!
Para muitos talvez seja cedo para pensar na morte. E talvez até façam um paralelo com aquela canção da finada Elizete Cardoso que falava sobre bebida, dizendo: "tem gente que não fuma e está morrendo".
Deixo aqui minha contribuição para os que adoram fumar sem pensar nas consequências. Apreciem as fotos!
Última flor do Lácio
Estou há mais de um mês sem produzir aqui no Seu Lalo. Aproveito o fato de ter comentado num blog sobre o uso de uma expressão errada - uso esse proposital - ser tomado a sério por leitores que acreditam em letra de forma. É costume dizer-se: deu no jornal! Não quer dizer que seja verdade, embora se diga que o que a televisão não dá, não aconteceu. No jornal e na televisão também se erra; os brutos também amam.
Num texto intitulado "Movimento Nacional em Defesa da Língua Portuguesa" escrito por Murilo Badaró, membro da Academia Mineira de Letras, li: "Lamentavelmente, o desprezo pelo bom uso da língua é mais notável entre aqueles que, por dever de ofício e posição, deveriam ser os
primeiros a esmerar-se no seu trato. O mau exemplo prolifera e produz seus efeitos maléficos em meio do povo, este mais susceptível de acolher os barbarismos e os solecismos que infestam a fala e a escrita dos nossos dias".
Algumas pessoas se reuniram para consertar a língua portuguesa. Não se corre mais risco de vida, sério, agora é
risco de morte. Trocaram seis por meia dúzia. Não se entrega mais à domicílio. Todos entregam em domicílio. Para não falar no engessamento da concordância verbal: todos os verbos pedem
de que. Ouvi de que, soube de que, tomei conhecimento de que, é a cultura do
de que.
E cuidado com os advérbios! Não é "menas" verdade que eles não são usados corretamente. O exemplo clássico é: "ela estava
meia cansada".
Termino deixando um belo soneto de alguém que era do ramo - Olavo Bilac
Última flor do Lácio
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!