segunda-feira, maio 28, 2007

Mudança de Endereço - AVISO

Este blog não está sendo atualizado. Alguns artigos poderão ser republicados em novo endereço - Lugar do Real, do Simbólico e do Imaginário, onde estarão também os artigos ou páginas cujas publicações foram interrompidas aqui.

terça-feira, novembro 28, 2006

O contador de favor

A mão esquerda não deve saber o que faz a direita

Não me lembro em que idade comecei a ouvir falar em cérebro eletrônico - esse era o nome do computador da idade da pedra. Depois vim a saber que era um cérebro burro, dependia da inteligência humana. E soube também que tudo que produzia de errado era debitado na conta do cérebro humano que lhe dera ordens erradas.
No início o computador era programado apenas por números. O primeiro computador pessoal foi o Altair. Eu vi o kit na revista Popular Eletronics no ano de 1975. O painel frontal trazia 8 chaves liga-desliga e uma chave geral. Cada chave ligada correspondia ao número um; desligada correspondia a zero. Assim se formava uma sequência como "10010010" que era enviada para a memória ligando-se a chave geral. E assim, aos poucos, com muita paciência, se organizava um programa de computador. Faltava alguém para fazer as coisas ficarem mais fáceis, ou seja, inventar uma linguagem coloquial para interagir com o computador e também um teclado para substituir as chaves uns-zeros. Acho que foi o tio Bill Gates quem conseguiu isso. Ademais ele estava ali pertinho do Vale do Silício, cercado de toda a tecnologia e comprou a mesma revista que eu, que estava apenas começando a me iniciar nos segredos da Big Blue, como era chamada a IBM. Eu estava começando a aprender a programar na linguagem PL-1 em computadores de grande porte da IBM.
Programar em PL-1 era quase como falar com uma pessoa. Havia pontos nos programas chamados LEITURA, GRAVAÇÃO, INÍCIO, FIM, CONTANDO, etc... Me contaram que havia um programador muito personalista chamado Fausto. Seus programas eram inconfundíveis porque tinham coisas chamadas FAUSTO VAI LER, FAUSTO QUER, FAUSTO NÃO QUER, FAUSTO VAI GRAVAR, etc....
Assim é, meus caros, que o computador não sabe, por exemplo, contar. Ele apenas reserva um lugar a que alguém, o programador, chama contador, digamos, contador de favor. E vai incrementado, um a um, os favores que encontra pela vida.
Quando comecei a escrever este texto lembrei-me de uma frase dita em tom de ironia por um amigo para outro, ambos programadores: - Vai incrementar o contador de favor?
É que, contrariando o preceito bíblico de que a mão esquerda não deve saber o que faz a direita, muita gente mantém um contador dos favores que faz a terceiros e costuma cobrá-los quando se acha merecedor de alguma benfeitoria de algum desses terceiros. Para eles vale mais aquele outro preceito: uma mão lava a outra. Em toda sociedade as coisas funcionam assim. Os Bancos chamam a isso reciprocidade. Entre os partidos políticos talvez isso se traduza como cooptação. Se você puder fazer um favor a um amigo ou parente, faça sem cobrar, sem jogar na cara depois. Porque um contador de favor jogado na cara doi.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Quem é quem?

Sabe com quem está falando?

Para evitar surpresas você sempre deve saber com quem está falando. Não é o célebre "Sabe com quem está falando?";não, não é. Trata-se apenas de pequenas diferenças no modo de pensar e agir. Por exemplo, quando converso com alguma pessoa e, por algum motivo, tenho que liberar uma palavra mais crua, menos light, costumo perguntar se é "da igreja". Sei bem que eles não vivem numa ilha de recato e virtudes. Muitos cristãos aceitam bem, quer dizer, não ficam chocados com a grosseria dos ímpios. Mas sempre é bom evitar. Vide Cuidado com desconhecidos.
Para ilustrar o ítem a seguir fiz uma pequena pesquisa sobre o que é um Judeu.
"Judeu é aquele que se considera judeu ou que assim é considerado pela sua comunidade. Esta é a definição prática.
Como parte de inegável importância para qualquer definição válida, deve-se dizer também o que o judeu não é. Os judeus não são raça. A história revela que através de casamentos e conversões o seu número sofreu acréscimos sem conta. Há judeus morenos, louros, altos, baixos, de olhos azuis, verdes, castanhos e pretos. E apesar da maioria dos judeus serem de raça branca, há os judeus negros, os falashas, na Etiópia, os judeus chineses de Kai-Fung-Fu e um grupo de judeus índios no México, cuja origem, até hoje, ainda é um mistério para os antropólogos e arqueólogos."

Para quem não é judeu muita coisa interessante vai ser descoberta no link acima o que é um judeu, pelo menos do ponto de vista de cultura geral. Para eles existe um mundo com finalidades e outro sem propósitos. Mas o judeu acredita que somos dotados de infinitas potencialidades para tudo o que é bom e grandioso... até bater de frente com um palestino.
Isso posto, continuemos. Um amigo meu, motorista de táxi, pegou uma passageira e, ao final da corrida, o taxímetro marcava, digamos, R$ 10,50. Ela lhe deu R$ 11,00. Como não tivesse troco ele dispensou os cinquenta centavos dizendo: - Deixa pra lá, não sou judeu não.
Falou demais sem necessidade. A mulher era judia e ficou revoltadíssima; não aceitou a dispensa dos cinquenta centavos. Fê-lo alongar o percurso até completar os R$ 11,00.
Você sabe com quem está falando?

sábado, setembro 23, 2006

Pára-choque de caminhão

Filósofos da estrada

Nesta sexta-feira vi o pára-choque do caminhão de um motorista muito atarefado; dizia: "O amor existe. Não existe o tempo para amar".

Porém num travessão menor, acima, ele praticou a anti-filosofia e desafiou a gramática com os dizeres: "Antes mau acompanhado que sozinho".

Ninguém é perfeito!

sábado, setembro 16, 2006

Não se mate!

Propaganda Antitabagista

Minha avó sempre fumou - cachimbo. Morreu bem velhinha, porém com muito sofrimento. O prazer de fumar (dizem que existe isso) lhe cobrou a posse de seus pulmões, instalando ali um câncer cruel que lhe tornou um tormento os últimos dias, com muitas dores, atenuadas com o uso da morfina. Sobreveio a morte, ràpidamente. Já falei sobre minha avó no texto "Um certo 7 de Setembro".

Hoje passo na rua e vejo belíssimas moçoilas, e outras nem tanto belas, jogarem para o alto feixes de fumaça, "crentes que estão abafando". Às vezes não me contenho e lhes digo apenas: isso mata!

Para muitos talvez seja cedo para pensar na morte. E talvez até façam um paralelo com aquela canção da finada Elizete Cardoso que falava sobre bebida, dizendo: "tem gente que não fuma e está morrendo".

Deixo aqui minha contribuição para os que adoram fumar sem pensar nas consequências. Apreciem as fotos!

terça-feira, setembro 12, 2006

Última flor do Lácio

Estou há mais de um mês sem produzir aqui no Seu Lalo. Aproveito o fato de ter comentado num blog sobre o uso de uma expressão errada - uso esse proposital - ser tomado a sério por leitores que acreditam em letra de forma. É costume dizer-se: deu no jornal! Não quer dizer que seja verdade, embora se diga que o que a televisão não dá, não aconteceu. No jornal e na televisão também se erra; os brutos também amam.
Num texto intitulado "Movimento Nacional em Defesa da Língua Portuguesa" escrito por Murilo Badaró, membro da Academia Mineira de Letras, li: "Lamentavelmente, o desprezo pelo bom uso da língua é mais notável entre aqueles que, por dever de ofício e posição, deveriam ser os
primeiros a esmerar-se no seu trato. O mau exemplo prolifera e produz seus efeitos maléficos em meio do povo, este mais susceptível de acolher os barbarismos e os solecismos que infestam a fala e a escrita dos nossos dias".

Algumas pessoas se reuniram para consertar a língua portuguesa. Não se corre mais risco de vida, sério, agora é risco de morte. Trocaram seis por meia dúzia. Não se entrega mais à domicílio. Todos entregam em domicílio. Para não falar no engessamento da concordância verbal: todos os verbos pedem de que. Ouvi de que, soube de que, tomei conhecimento de que, é a cultura do de que.
E cuidado com os advérbios! Não é "menas" verdade que eles não são usados corretamente. O exemplo clássico é: "ela estava meia cansada".

Termino deixando um belo soneto de alguém que era do ramo - Olavo Bilac

Última flor do Lácio

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

quinta-feira, agosto 03, 2006

A ficção e a realidade

QUERO SER UM TELEVISOR

Essa foi uma mensagem que recebi de um amigo. Parece uma peça da imaginação, acredito que seja. De qualquer modo, faz pensar...

A professora Ana Maria pediu aos alunos que fizessem uma redação e nessa redação o que eles gostariam que Deus fizesse por eles. À noite, corrigindo as redações, ela se depara com uma que a deixa muito emocionada. O marido, nesse momento, acaba de entrar, a vê chorando e diz: "O que aconteceu?"
Ela respondeu: "Leia".
Era a redação de um menino.

"Senhor, esta noite te peço algo especial: me transforme em um televisor. Quero ocupar o seu lugar. Viver como vive a TV de minha casa. Ter um lugar especial para mim, e reunir minha família ao redor... Ser levado a sério quando falo... Quero ser o centro das atenções e ser escutado sem interrupções nem questionamentos.
Quero receber o mesmo cuidado especial que a TV recebe quando não funciona. E ter a companhia do meu pai quando ele chega em casa, mesmo que esteja cansado.
E que minha mãe me procure quando estiver sozinha e aborrecida, em vez de ignorar-me. E ainda que meus irmãos "briguem" para estar comigo. Quero sentir que a minha família deixa tudo de lado, de vez em quando, para passar alguns momentos comigo.
E, por fim, que eu possa divertir a todos.
Senhor, não te peço muito...
Só quero viver o que vive qualquer televisor!"
Naquele momento, o marido de Ana Maria disse: "Meu Deus, coitado desse menino. Nossa, que coisa esses pais".

E ela : "Essa redação é do nosso filho".