Histórias dos amigos dos meus amigos
O clube de açõesO Neguinho era 171. Nem sei o nome dele. Era amigo de um amigo meu. Por isso está publicado aqui hoje. Quem me passou essa estória, meu amigo, só falava no Neguinho, só mencionava o Neguinho. Entendi que era um sujeito capaz de dar nó em pingo d’água com luva de box. Atendia os amigos à porta usando robe de chambre e tinha uma cachorrinha de estimação chamada Alice McGraw (Álice, segundo sua pronúncia).
Na época estavam muito em voga os clubes de investimento. Os pequenos investidores se reuniam segundo determinadas regras para terem poder de compra. Não preciso dizer quem organizou um clube de investimento. Sim, êle, o Neguinho. Durante algum tempo amadureceu a idéia. Depois partiu para os finalmentes. Começou o esboço do estatuto. Emenda daqui, estica dali. Estava difícil. Porém êle, o Neguinho, sabia que mais de uma cabeça pensa melhor. E submeteu o estatuto à leitura do meu amigo, narrador desta história, que o fez com bastante critério, não só lendo como relendo e fazendo observações em cada detalhe duvidoso. Não me foi dado conhecer o teor desta complicada intriga literária, seus artigos, ítens, parágrafos, sub-ítens; sei apenas que tumultuou a cabeça do meu amigo, que, afinal, chegou a uma conclusão:
- Ô Neguinho, não estou entendendo estas cláusulas. Há muita coisa ambígua. Marquei tudo que não está claro. Vê se explica isso melhor.
- Você diz que não está entendendo?
- É, tá muito enrolado, muito confuso.
- Então está ótimo. Obrigado pela sua colaboração. É assim mesmo que eu quero.
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